Esta é uma pergunta elementar que todo ser humano já se fez em algum momento de sua vida, e essa é a essência da consciência que nos faz ser quem somos, isto é, a questão de por que estamos aqui.
O pensamento moderno apoiado na Ciência responde como chegamos até aqui: a união de um espermatozóide e um óvulo - o abraço carnal de dois seres com quem não tínhamos nada a ver até o momento da concepção. Para a ciência estabelecida, não é necessário ir além disso, uma vez que, de acordo com o paradigma materialista, não existimos antes da concepção no útero de nossa mãe e não chegamos ao mundo por nenhum motivo ou necessidade específica, e que de alguma forma, o que nós trazemos conosco são unicamente os genes de nossos antepassados.
Porém, esta resposta não é satisfatória para muitas pessoas que acreditam que suas vidas têm um propósito, um significado e um destino que não podem ser reduzidos apenas à evolução cega da matéria. Os aspectos qualitativos da existência, das intuições, das "verdades espirituais", não podem ser verificados apenas cientificamente, uma vez que exercem em nós uma atração e nos dotam de uma razão de ser, são o que nos movem e nos impulsionam a crescer e a nos desenvolver moral e espiritualmente.
Conforme o filósofo Manly P. Hall, para muitas crianças, a noção de que eles existiram e existirão para sempre não é de modo algum estranha, ou algo que eles devem aprender a acreditar sob algum doutrinamento, é algo que se acredita naturalmente, uma vez que geralmente o ser não se identifica apenas com o corpo.
A morte é realmente o fim? O nascimento é o começo de tudo o que somos? Ou, por outro lado, não é apenas um novo despertar em uma longa cadeia de sonhos e despertares em novos modos de existência?
Para o budismo, a reencarnação é o resultado do karma, isto é, as ações que tomamos. O budismo não acredita na existência de uma alma imortal, mas na continuidade da mente. As vidas e os corpos aos quais nascemos são o resultado dos karmas que iniciamos, hábitos aos quais nos agarramos de alguma maneira - consequências cristalizadas.
No hinduísmo, onde se considera que existe uma alma imortal, a reencarnação é vista de maneira semelhante, apenas em algumas concepções desta religião é conferida a pessoa individual, que é uma emanação, por assim dizer, do Ser Supremo e que evolui para a reidentificação com sua essência imortal.
O psicólogo James Hillaman explica que, embora nossa cultura tenha a noção de genética e a influência da natureza, "essas teorias não falam da individualidade e da singularidade que somos". Outras culturas têm um mito fundamental que devemos reconsiderar, como o Mito de ER de Platão, do Livro, “A República”: o mito diz que a alma escolhe seus pais particulares e, portanto, faz parte do seu destino. No mundo de hoje, nós atribuímos aos pais um grande peso, como se fossem totalmente responsáveis pelo destino de seus filhos.
Se as coordenadas da reencarnação foram escolhidas pela vontade da alma ou foram calculadas pelo cosmos de acordo com a lei da necessidade ou do carma, em qualquer caso, o resultado - a encarnação particular em um corpo particular, uma família específica - é exatamente o que merecemos e precisamos, de acordo com a teoria da reencarnação em várias culturas. Ou seja, a vida que temos é a oportunidade perfeita para crescer.
A reencarnação é uma teoria da evolução espiritual - uma teoria mais completa da evolução, uma vez que inclui os aspectos morais e espirituais da existência.
Desta forma, cada encarnação é a continuidade de nosso esforço evolutivo, de nossa permanência em uma escola de aprendizagem metafísica, de autoconhecimento, de treinar o veículo do corpo ao serviço do espírito. Da mesma forma, a reencarnação e o karma garantem a moral e a causalidade inerentes a todos os aspectos do universo. Sem eles, nossos atos e pensamentos não teriam qualquer regulamentação ou sentido algum, uma vez que eles desapareceriam em nada, e poderíamos fazer o que quiséssemos sem colher os efeitos completos de cada ato. Nós intuímos, no entanto, que isso não é assim, o que fazemos de forma não só física, mas também metafísica tem consequências em relação direta com a natureza de nossas ações.
Em termos práticos, existem duas noções importantes que a reencarnação nos dá. Por um lado, insiste em reconhecer o nosso próprio bem, que existimos em um universo moral, onde nossas ações têm consequências e em que somos responsáveis por nossos atos.
Além disso, também nos chama a optar por uma atitude de reverência e compreensão em relação aos nossos pais, uma atitude que não procura mais julgar ou culpar, mas entender que nossos pais são o veículo da manifestação do que somos. E qualquer um interessado em responder a pergunta que deu início a este artigo, verá em seus pais uma rica fonte de ensinamentos para resolver o mistério do porquê está aqui.
O que nós aprendemos com eles, ou o que nós aprendemos com o mundo é que era necessário que devêssemos ser gerados por esse pai e essa mãe e por nenhum outro par. Pode haver muitos professores, alguns mais evoluídos e próximos da iluminação - alguns deles talvez sejam nossos pais espirituais - mas o que é certo é que em nossos pais temos professores imediatos, inevitáveis, às vezes cruéis, às vezes amorosos, mas sempre possuidores de uma lição valiosa, uma jóia psíquica profunda, uma história que vai além do sangue e que precisamos entender para saber quem somos e para onde estamos indo.
Namastê!
Fonte: -Alejandro Martínez Gallardo – Disponível em consejosdelconejoo
Tradução e adaptação: Equipe Universo da Espiritualidade.