Allan Kardec previu, no século 19, que muitos médicos poderiam ser médiuns, quando entrassem na via da espiritualidade. “Muitos verão desenvolver-se em si faculdades intuitivas, que lhes serão um precioso auxílio na prática” (Revista Espírita – outubro, 1867).
A mediunidade curadora não pretende anular o valor da medicina nem dos médicos, mas não pode deixar de modificar profundamente a ciência médica, sendo necessário que ambas – ciência e mediunidade – prestem-se mútuo apoio.
Mas esse processo não é tão fácil. Exige adoção de uma nova visão pelos cientistas. Atraídos por enigmas fascinantes, via de regra, buscam respostas para a origem do universo e da vida, a evolução das espécies, o funcionamento do corpo humano e sua preservação. Com a medicina não foi diferente, sendo inegável o acentuado progresso tecnológico. Mas o que deveria ser utilizado apenas como instrumento, muitas vezes impede que profissionais de saúde vejam o homem como um ser integral e não apenas como uma doença.
A própria Organização Mundial de Saúde define saúde como um “estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. É um avanço, mas ainda falta o aspecto espiritual, o que vem sendo pleiteado por várias entidades de saúde e espiritualidade.
No Brasil, principalmente, o movimento dos médicos espíritas vem ganhando cada vez mais espaço nas mídias, e a espiritualidade no tratamento dos pacientes tem despertado profissionais para a retomada de uma medicina mais abrangente e humanizada. Para isso, o empenho na divulgação das temáticas espíritas tem se transformado em importantes congressos, descortinando um nova visão quanto aos cuidados com os pacientes, levando-se em consideração também a parte espiritual do homem para a compreensão e o alívio de seus tormentos.
Para o médico-cirurgião Décio Iandoli, a medicina na atualidade realmente passa por mudança de paradigma. Os médicos estão mudando a forma de ver as pessoas e, consequentemente, a maneira de abordá-las. Segundo ele, toda a tecnologia e as possibilidades de sua aplicação amealhadas nestes mais de 100 anos de medicina científica estão passando a ocupar seu real lugar como instrumentos, não como filosofia para o exercício da profissão.
Ele reconhece que estamos apenas começando, mas garante que o processo irreversível já foi deflagrado e acontecerá muito mais cedo do que podemos supor.
Fonte: correiofraterno