O tajá é uma planta muito comum nos jardins e pátios paraenses. Há diversas variedades de tajá, uma para cada gosto ou finalidade.
O tajá "curado", ou seja, trabalhado nos segredos e mistérios da magia nativa, constitui-se num inestimável auxiliar e protetor do seu possuidor, podendo ser usado para atrair a felicidade, o amor, a sorte na caça e na pesca.
Não é apenas pelo seu feitio decorativo que o tajá (Caladium bicolor) é festejado na Amazônia como planta de estimação. Mais do que pela esbelteza das folhas, pela graça e pela elegância do corte, pela simplicidade geométrica das linhas, ele possui segredos e mistérios que só a alma cabocla entende e aprecia.
Enorme é a variedade dessas plantas que formam as vistosas e esmeradas toiças da planície: tajapeba, com a sua raiz chata; o tajá-piranga, de uma coloração vermelha, belo aspecto, perigoso pelo veneno, e cujas raízes eram utilizadas pelos indígenas do Uaupés como o castigo para as mulheres curiosas que se atreviam a espiar as cerimônias maçônicas do Jurupari, o tajá-pinima, o tajá tatuado, cheio de manchas; o tajá grande, o tajá preto, o tajá-de-sol, o tajá membeca, o tajá-puru, este a espécie mais sugestiva e preferida pelas virtudes que lhe são atribuídas às raízes de fazer-nos felizes nos amores e afortunados e bem sucedidos na caça e na pesca.
É variada e encantadora, na Amazônia, a superstição do tajá. Existe na família das aroideas uma profusão de espécies que se prestam, admiravelmente, às abusões do povo. Entre estas, vale citar o tajá-cobra. Diz-se que protege a casa contra os ladrões. Uma folha, posta na parede, estende-se em volta e toma conta do domicílio. Se este é visitado por gatunos, o tajá-cobra reconhece o meliante e dá-lhe o bote, tal como o faria uma serpente. História semelhante é atribuída ao tajá-onça.
A mais bela versão é, entretanto, emprestada ao tajá-sol. Possui este, no centro da folha, uma grande mancha vermelha com o formato de um coração cercado pela moldura verde. Quando os índios estavam longe de sua amada e sentiam a necessidade de vê-la, recorriam a um processo mais veloz que o aeroplano e menos dispendioso que a televisão. Gritavam pelo nome da pessoa desejada, no centro do tajá-sol. E logo a imagem do ente querido aparecia na parte rubra da folha, como num espelho incendiado pelo poder da ausência.
Namastê!
Nina Greguer
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Fontes:herbologiamistica /cultura1amazonia