Na primeira metade do Século XV, no meio da corrupção do clero romano, época em que a igreja romana durante 50 anos não pode decidir qual o papa legitimo, apesar da sua infalibilidade. Época em que déspotas que pisavam nos princípios mais sagrados, onde homens exterminavam-se para satisfazerem as paixões dos tiranos.
Bem nesta época, um homem de coração grande, um ente generoso, santo, compadecido, das calamidades de então, tendo como prestígio, a ilustração e pureza de sua vida, chamou aos homens para a conquista de seus direitos, estigmatizando a teocracia e o privilégio. Esse grande homem chamava-se se João Huss.
Acusado pelos inimigos da luz de pregar doutrinas contrarias ao Evangelho, solicitou ele próprio um salvo-conduto para defender diante dos padres as doutrinas que pregava, e dirigiu-se então para Constança.
Porém, foi preso e quando compareceu perante o concílio, foi tratado como um criminoso. Propuseram a ele renegar as suas crenças em troca de honras e dignidades. Ele então respondeu:
“Prefiro antes, que me atem o pescoço à pedra de um moinho e que me lancem ao mar, do que ser perjuro à verdade! Preparai os vossos instrumentos de torturas, os vossos cavaletes; rasgue uma por uma todas as fibras do meu corpo, prefiro os mais terríveis suplícios á vergonha de ser chamado o defensor dos papas e dos reis! Que a vossa justiça infernal tenha o seu curso: entregai às chamas João Huss, mas antes de um século, renascerá das suas cinzas um vingador que proclamará de novo as verdades que eu ensinei e pelas quais vós condenaríeis o próprio Cristo, se voltasse à terra!”
Em seguida a esta prova de firmeza, foi Huss condenado à morte. Quando Huss subiu para a fogueira, assim como Jesus, compadeceu-se de seus algozes, conservando até à consumação do sacrifício a calma de espírito. Não teve a fraqueza de clamar. O corpo de Hus foi consumido pelo fogo, mas seu espírito voou para o espaço, e de lá com vista mais ampla pode contemplar a Natureza, e ver que pouco tinha aproveitado na Terra, e que sua missão, outros iriam continuá-la, e ele próprio de novo voltaria e então faria uma obra maior, conforme a verdade eterna e que pessoas mais esclarecidas, melhor aproveitariam o seu trabalho.
Esse espírito esclareceu-se mais e no passar de alguns séculos na família dos Denisard Rivail, ele escolheu o novo instrumento, para a missão mais grandiosa.
Em 03 de Outubro do 1804, nascia na cidade de Lyon (França), Allan Kardec...
Fonte: Espiritualismo Experimental [Periódico] : orgam consagrado a todos os ramos de conhecimentos e especialmente a Sciencia Spirita